domingo, 12 de setembro de 2010

PARA PESSOAS VERDADEIRAS ... 
UMA VERDADEIRA POESIA




JOSÉ
Carlos Drummond de Andrade


 E agora, José?


Festa depois do POSTAL!
MILENEEEEEE
VOCÊ QUER SER EXTINTA?
Eu também nãooooo!
kkkkkkkkkk

A festa acabou,
a luz apagou,
o povo sumiu,
a noite esfriou,
e agora, José ?
e agora, você ?
você que é sem nome,
que zomba dos outros,
você que faz versos,
que ama protesta,
e agora, José ?

Está sem mulher,
está sem discurso,
está sem carinho,
já não pode beber,
já não pode fumar,
cuspir já não pode,
a noite esfriou,
o dia não veio,
o bonde não veio,
o riso não veio,
não veio a utopia
e tudo acabou
e tudo fugiu
e tudo mofou,
e agora, José ?

E agora, José ?
Sua doce palavra,
seu instante de febre,
sua gula e jejum,
sua biblioteca,
sua lavra de ouro,
seu terno de vidro,
sua incoerência,
seu ódio - e agora ?

Com a chave na mão
quer abrir a porta,
não existe porta;
quer morrer no mar,
mas o mar secou;
quer ir para Minas,
Minas não há mais.
José, e agora ?

Se você gritasse,
se você gemesse,
se você tocasse
a valsa vienense,
se você dormisse,
se você cansasse,
se você morresse…
Mas você não morre,
você é duro, José !

Sozinho no escuro
qual bicho-do-mato,
sem teogonia,
sem parede nua
para se encostar,
sem cavalo preto
que fuja a galope,
você marcha, José !
José, pra onde ?









Carlos Drummond de Andrade
(1902-1987)










Nascido na cidade de ltabira - MG em 31 de outubro de 1902, desde cedo demonstra habilidade para lidar com a palavra. Aos 13 anos ingressa no Grêmio Dramático e Literário Artur Azevedo, da escola onde estuda, e, ainda adolescente, escreve para o Jornal “Aurora Colegial” do colégio interno em Nova Friburgo!RJ. Aos 20 anos publica seus trabalhos no jornal “Diário de Minas” e nas revistas ‘Para Todos” e “Ilustração Brasileira”. 





Apesar de diplomado pela Escola de Odontologia e Farmácia de Belo Horizonte, Drummond faz da literatura sua profissão. Em 1925 funda “A Revista”, que se torna o porta-voz do modernismo mineiro. 



Ao longo de sua vida, Drummond recebe diversos prêmios por sua obra, destacando-se o Estácio de Sá (jornalismo), o Fernando Chinaglia, da União Brasileira de Escritores, o Morgado Mateus (Portugal-poesia) e o Padre Ventura do Círculo Independente de Críticos Teatrais. Colaborador de inúmeros jornais e revistas, participa de antologias e tem sua obra traduzida em vários países. Participa de uma série de programas na Rádio Ministério da Educação de entrevistas e do programa “Quadrante”, nesta mesma rádio. 



Fazendo uma poesia que “articula um protótipo do mundo moderno - o gauche” (Affonso Romano de Sant’Anna), esse admirável “anjo torto” espelha em sua obra o embate que permeia toda a sua vida: de um lado o desejo de mudanças político-sociais, de outro, a simpatia por valores da tradição. Dentro deste embate, o poeta vive com dilaceramento e também com distanciamento a relação de suas origens mineiras e o mundo. Buscando refletir o seu tempo presente sem abandonar o contexto maior da humanidade, Drummond torna-se um dos maiores e inesquecíveis poetas do Brasil. 



Seu falecimento ocorreu na cidade do Rio de Janeiro - RJ, em 17 de agosto de 1987.













Retirado de








                                           Drumond - QUE HOMEM! (By Fran)


                                         Rêeeeeeeeeeeeeeeeeeeee
                                         Cadê VOCÊEEEEEEEEEEEEE!